quarta-feira, junho 03, 2009

(O silêncio, como o cabelo de Dacroce, é de ouro, mas a Caderneta continua a correr atrás do prejuízo. Mais variações tácticas muito brevemente e de momento seguimos com a saga vimaranense...)
O segundo grande aspecto que distingue um Dimas de um Joaquim Alberto Machado - com todo o respeito, evidentemente, pelo legado deste último de várias gerações de cavalgadas pela ala direita e uma notável colecção de livres directos, entre outros atributos – é a origem sociofutebolística de cada um.
Seguindo a senda aristocrática lavrada desde o seu bíblico baptismo, Dimas teve uma educação física e intelectual forjada desde cedo em alguns dos melhores viveiros de futebolistas que o país conheceu. Falamos da assustadora geração de 89 em Coimbra, quando privou com o Sansão da Costa Verde, Fernando Manuel de nome próprio (hoje a soldo dum clube de Parma), na mesma etapa vital em que treinou cada dia com históricos estudantes como Mito ou Toninho Cruz. Na mesma era cósmica em que aprendeu o preceito da grandeza de avançados como Marcelo, ainda hoje uma lenda em Santo Tirso e antigo parceiro de goleadores como Aílton, Jorge Leitão ou como o sinuoso Eldon, destroçado anos antes pela concorrência no ataque no clube do Campo Grande ensaiando à época um renascimento à beira do Mondego.
Feita a passagem à maioridade futebolística, rumou a dois decisivos anos na Reboleira com a fina flôr do futebol português, entre astros da época a personagens pouco menos que fulcrais no que é hoje a actualidade da bola lusa. Acompanhar os primeiros passos do figurante Abel Xavier, então apenas aspirante a actor nesse grande cinema que é a bola, partilhar balneário com a velha glória barreirense Fernando Chalana na sua última temporada assalariada, mitos de Luanda a Marselha como Vata, ou hoje treinadores de craveira de um Álvaro Magalhães ou um Agatão, respeitável timoneiro do histórico Operário do Vale Escuro. Para além de um jovem trinco Bento às mãos de uma promessa dos bancos de suplentes, o professor Jesualdo.
As etapas de crescimento em Coimbra e na Reboleira, exponenciadas de forma perturbadora na sua maturidade em Guimarães, talharam naturalmente Dimas Manuel para uma tão fulgurante quanto improvável ascensão.

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